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2 de maio de 2024 3:28 pm

Bancos Centrais reduzem estoques de títulos americanos e abandonam o dólar

Sputinik

Segundo o último relatório do BCE dedicado ao papel do euro nas transações internacionais, em 2018 a cote-parte do dólar nas reservas dos bancos centrais em todo o mundo foi de apenas 61,7% – um mínimo histórico desde a criação União Económica e Monetária da UE em 1999, enquanto a cota-parte das outras moedas está crescendo gradualmente.

O BCE enumera três razões para a queda do interesse pelos ativos denominados em dólares.

Volatilidade e reversão de fluxos de capitais
A primeira é a volatilidade nos mercados financeiros e a reversão de fluxos de capitais transfronteiriços, que fez com que os países emergentes com grandes reservas internacionais (incluindo Argentina, Índia e Turquia) realizassem intervenções no mercado cambial para estabilizar suas divisas nacionais.

Vendendo dólares, os bancos centrais reduzem a cotação do dólar frente a suas moedas nacionais, seguindo o princípio da oferta e da demanda: quanto mais dólares há à disposição, mais baratos eles ficam.

 Entre março e setembro de 2018 eles venderam reservas no valor de cerca de 200 bilhões de dólares (cerca de R$ 770 bilhões), denominadas principalmente em dólares, reduzindo assim a cota-parte da moeda estadunidense nas suas reservas.

Diversificação para reduzir riscos
A diversificação é o princípio fundamental da teoria moderna do portfólio. Não é de surpreender que os bancos centrais por todo o mundo também queiram diversificar suas reservas para se protegerem dos fatores negativos.

Nos últimos tempos, o problema que mais preocupa alguns grandes países é a introdução de sanções unilaterais por parte de Washington.

Por exemplo, após a introdução de vários pacotes de sanções, a Rússia, que no início do ano passado foi um dos maiores detentores de títulos do Tesouro dos EUA, decidiu se livrar da maioria dos seus ativos em dólares, apostando em euros e yuans.

Apenas em um ano (de abril de 2018 a abril de 2019), Moscou vendeu cerca de 87% dos seus títulos do Tesouro dos EUA e ficou fora da lista dos 30 maiores detentores de dívida pública estadunidense publicada pelo Departamento do Tesouro dos EUA.

Tensões com China em meio à guerra comercial
A China, o maior detentor estrangeiro de títulos do Tesouro dos EUA, também reduziu seus investimentos nesse ativo em meio à escalada da disputa comercial com Washington.

Vale ressaltar que em abril de 2019 o volume dos títulos da dívida pública estadunidense nas reservas internacionais chinesas atingiu seu mínimo, desde maio de 2017, de 1,11 trilhão de dólares (cerca de R$ 4,26 trilhões) em comparação com 1,12 trilhão de dólares (R$ 4,3 trilhões) no mês anterior.

Até os aliados dos EUA apostam na desdolarização
Os últimos dados do Departamento do Tesouro dos EUA revelaram uma tendência absolutamente nova: mesmo os aliados mais próximos de Washington se estão livrando dos títulos da dívida pública dos EUA.

Por exemplo, em abril de 2019, o Reino Unido encabeçou a lista de maiores vendedores dos títulos estadunidenses, se livrando de títulos no valor de 16,3 bilhões de dólares (R$ 62,6 bilhões).

Além disso, o Japão, o segundo maior credor dos EUA, também vendeu títulos no valor de 11,07 bilhões de dólares (R$ 42,5 bilhões).
Em geral, os investidores estrangeiros estão vendendo seus títulos da dívida pública dos EUA por 12 meses consecutivos – um prazo recorde nos tempos modernos.

Alternativas à ordem financeira existente
De acordo com o BCE, se livrando do dólar os bancos centrais e fundos soberanos estão aumentando o volume dos ativos denominados em outras moedas de reservas tradicionais: euro, iene japonês e libra esterlina.

Mais uma tendência importante é o interesse crescente nos investimentos em moedas não tradicionais: o dólar australiano, o dólar canadense e, principalmente, o yuanchinês.

Outra tendência é a compra massiva de ouro pelos bancos centrais por todo o mundo: em 2018 eles compraram 74% mais ouro que em 2017 (as compras somaram 651,5 toneladas), enquanto no primeiro trimestre de 2019 os bancos centrais compraram 145,5 toneladas de ouro, ou seja, 68% mais do que no mesmo período de 2018.

Tudo isso significa que o nosso mundo está se tornando cada vez mais multipolar: se há 10 anos o dólar dominava incontestavelmente o sistema financeiro global, hoje em dia a situação está mudando: a divisa estadunidense enfrenta concorrência por parte dos novos adversários e em breve, possivelmente, iremos testemunhar o aparecimento de uma nova ordem econômica global.

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