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1 de maio de 2024 2:08 am

Brasil supera as 300 milhões de toneladas na safra agrícola e ultrapassa Estados Unidos

Esta será a primeira vez na História que a safra ficará acima de 300 milhões de toneladas. O Brasil superou os EUA como maior exportador global de milho e deve desbancar os norte americanos também nas exportações globais de algodão
Colheita da supersafra em MT: os investimentos em tecnologia por parte do setor agropecuário aumentaram, elevando a produtividade (Foto:Arq.Web)

 

Da Redação

Com O Globo

A produção agrícola do Brasil registra novo recorde totalizando mais de 313 milhões de toneladas na safra deste ano. O IBGE voltou a revisar para cima a projeção para a safra agrícola brasileira e aponta para uma supersafra que vai colocar o Brasil acima dos Estados Unidos. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve fechar o ano em 313,3 milhões de toneladas. O número representa um salto de 19% ante 2022, ou mais 50,1 milhões de toneladas.

Se confirmada a estimativa, será a primeira vez na História que a safra ficará acima de 300 milhões de toneladas. O Brasil superou os EUA como maior exportador global de milho neste ano e está prestes a desbancar o país do topo das exportações globais de algodão também.

Apesar do excelente desempenho no setor de produção de commodities, O Brasil ocupa o 26º lugar no ranking mundial de países exportadores.

O consultor de comércio internacional e economia da BMJ Consultores Associados, Guilherme Gomes, destaca que os produtos primários brasileiros se beneficiaram de choques no mercado internacional:

“Desde o ano passado temos a questão da guerra da Ucrânia, e a disputa entre EUA e China, o que faz com que os produtos brasileiros do setor agropecuário sejam bastante demandados no exterior.”

Entre grandes exportadoras, há também a Petrobras, que vendeu 571 mil barris por dia (mpd) de petróleo ao exterior no primeiro semestre deste ano. É um avanço de 6,3% ante os 537 mil barris diários registrados no mesmo período do ano passado.

O sócio da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, avalia que o movimento deve perder força nos próximos meses, mas os superávits ainda devem ficar em patamares elevados:

“Devemos ter no próximo ano a continuidade do ajuste de preços para baixo e sem esse choque tão positivo do agronegócio, além da expectativa de um crescimento internacional menor.”

Para os especialistas, a dependência do Brasil em relação às commodities deve continuar. Campos Neto, da Tendências, lembra que, ao longo das últimas décadas, os investimentos em tecnologia por parte do setor agropecuário aumentaram, elevando a produtividade.

“Pode haver uma crítica por (a pauta de exportação) se basear nesses produtos primários, mas é isso que gera moeda forte para que o Brasil consiga honrar seus compromissos. O país tem uma indústria de transformação forte, mas que tem problemas de competitividade. Se há algum alento para o segmento industrial é que o Brasil tem avançado em algumas reformas que tendem a melhorar a competitividade, como a trabalhista e a tributária”, afirma o sócio da Tendências.

Ele acrescenta que a carga tributária ainda elevada, as dificuldades com qualificação de mão de obra e de logística pesam contra o setor industrial. Apesar desses entraves, o professor de Economia da FEA/USP, Paulo Feldmann, frisa que os manufaturados têm maior valor agregado e estão menos suscetíveis a choques de preços.

“Commodity é algo que depende muito do mercado de oferta e procura mundial. Volta e meia, os preços caem porque aumentou a produção em algum país. É ruim ser dependente de exportação de commodities. O país deixou de ser um importante exportador de produtos industrializados há quase 40 anos. Dos anos 1980 para cá, perdemos muito a nossa posição”, argumenta.

O presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, lembra que a participação da indústria na pauta de exportações vem caindo  que se acentuou muito nos últimos anos. A indústria respondia por 50% das exportações em 2000 e, atualmente, alcança apenas 29% do total exportado pelo país.

Essa redução da indústria nas exportações gera graves desequilíbrios na economia como um todo, alerta os especialistas.

“A cada US$ 1 bilhão que deixamos de exportar perdemos 30 mil empregos e, nesses 23 anos, perdemos 4 milhões de vagas qualificadas. Na balança comercial de manufaturados, o déficit é crescente”, diz o presidente da AEB.

Aeronaves da Embraer

Para a professora do MBA em gestão de comércio exterior da Fundação Getúlio Vargas, Monica Romero Marinho, o país precisa de renovação da indústria, em especial em um momento em que o mundo está reorganizando as cadeias globais de valor.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a AEB, formou uma coalizão empresarial para, em conjunto com o governo brasileiro, renovar o parque industrial.

Entre as poucas exceções na pauta de exportações brasileiras estão as aeronaves, com crescimento de 21,70% no ano. A Embraer, líder no setor, já entregou 62 aeronaves neste ano, avanço de 35% ante o primeiro trimestre de 2022. Nos últimos meses, a empresa tem reforçado suas parcerias comerciais com companhias estrangeiras.

Na aviação comercial, a American Airlines assinou contrato com a empresa para compra de sete novos jatos. A Embraer também recebeu um pedido firme da alemã Binter para a aquisição de seis aeronaves. A empresa firmou ainda acordos com companhias da Malásia, Cingapura e Índia.

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