Antonio P. Pacheco
Especial para o Pauta Extra
O deputado Eduardo Botelho (UB) é o mais novo “quebra pedra” do lobby em favor da implantação do BRT em Cuiabá. O deputado acredita ter bons argumentos para fazer o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) desistir da defesa do VLT e adotar o modal de ônibus articulado (BRT).
Em entrevista à imprensa, Botelho disse que vai se reunir com o prefeito da capital e convence-lo a liberar as obras de implantação do sistema Bus Rapid Transit (BRT) na cidade, substituindo de vez a ideia do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), modelo de transporte preferido pelo chefe do Executivo Municipal cuiabano.
“Vamos marcar uma reunião e retomar a conversa sobre essa questão. Não tenho intenção de atropelar o prefeito em nada, apenas mostrar que esse impasse só prejudica a população da Grande Cuiabá que depende do transporte coletivo e merece um serviço de melhor qualidade”, explicou Botelho.
TREM LADEIRA ABAIXO
O desafio de Botelho é equiparável ao de parar um trem desgovernado descendo uma ladeira. O prefeito Emanuel Pinheiro tem se mostrado firme na defesa do VLT como sistema mais moderno e vantajoso no médio e longo prazos para o transporte público de massa em Cuiabá. O argumento mais forte de Pinheiro é que não dá para “jogar no lixo” os mais de R$1,06 bilhão já investidos no VLT e menos ainda, impor de cima para baixo, o BRT ao povo cuiabano.
O prefeito da Capital tem buscado alternativas para viabilizar que o sistema seja implantado em Cuiabá. Uma nova ação judicial está sendo preparada pela Procuradoria Geral do Município (PGM) para impedir que o Governo do Estado retire os trilhos e faça demolições das estruturas do VLT na cidade. Além da ação judicial, o prefeito também está fazendo articulações em Brasília junto ao Ministério das Cidades.
“Estamos levando ao Ministério das Cidades todas as informações solicitadas sobre o projeto do VLT. Estamos confiantes de que teremos acolhida em nossa proposta de buscar caminhos alternativos para que a prefeitura, junto com a iniciativa privada, assuma a implantação desse modal”, disse Pinheiro à reportagem do CO Popular.
APOIO POPULAR
Enquanto o governador Mauro Mendes (UB) briga com o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) para implantar o BRT de qualquer jeito na grande Cuiabá, a população assiste o embate sem poder se manifestar. O CO Popular foi às ruas da capital para ouvir o que os usuários do transporte coletivo acha desse imbróglio e qual seria o melhor sistema para a cidade.
“Conheço o BRT de Curitiba. Os ônibus articulados de lá são melhores que os das linhas normais, é verdade. Mas, são ônibus, né? Já os trens, como os de metrô, duram mais, são mais seguros, mais rápidos, transportam mais pessoas e são elétricos, não soltam poluição, são mais silenciosos e muito mais modernos. Se é para modernizar, então sou a favor de colocar o VLT mesmo. Até porque, os trens e vagões já foram comprados, falta só fazer os trilhos aqui em Cuiabá. Então, acho que o governador tá errado nessa história aí”. (Deolyane Cássia de Souza Pereira, 32 anos, securitária).
“Ninguém quer esse BRT em Cuiabá. Nenhum agente do estado, deputado, assessor, secretário, nem o governador não vai usar. E os turista que vem de fora não vão se interessar…acho muito triste essa discussão, é uma cena muito feia ver tudo sendo removido lá em Várzea Grande, onde eu moro. É o dinheiro do povo que tá (sic) sendo jogado fora. E ainda tem todas aquele trem e vagões do VLT já comprados, estragando lá no patio, esperando para ser usado e o povo sofrendo nesses ônibus velhos, lotados, sem ar condicionado. Acho que é absurdo o governador querer fazer esse BRT do zero. Cuiabá e Várzea Grande merece mais respeito e consideração. O prefeito de Cuiabá está certo de não autorizar essa mudança forçada desse jeito.” (Solange Conceição de Morais Santos-37 anos_cabelereira).
“Se o VLT é o melhor modal por que não concluíram as obras até agora? Eu não entendo isso. Mas, se a prefeitura quer assumir esse B.O. e fazer a obra, que seja. Eu quero saber é se vai fazer mesmo, quando que a gente que é trabalhador e depende de coletivo vai mesmo ter um serviço melhor de transporte na cidade.” (José Gilvan Gomes, 29 anos, vendedor ambulante.
