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1 de maio de 2024 9:26 pm

Justiça obriga pai a indenizar filha demitida por criticar Bolsonaro

Brunna Letícia Venancio, de 29 anos, processou o pai e vai receber R$ 20 mil em indenização por danos morais
Demitida por ser contra Bolsonaro, Brunna Venâncio vai receber do o pai e seus sócios R$ 123.811,49 em indenização por danos morais e pelos benefícios que lhes foram sonegados enquanto estava no trabalho (Foto:Ar.Pessoal/Instagram)

Da Redação

Os desembargadores da 8ª Vara Criminal de Macapá, no Amapá, condenaram um empresário a indenizar  em R$ 20 mil a própria filha,  demitida por ele sem justa causa, depois que ela fez um postagens contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) em suas redes sociais. A tatuadora Brunna Letícia Venâncio, 29 anos, processou o próprio pai por danos morais. A decisão judicial foi proferida na última sexta-feira,06.

Conforme relato da tatuadora, ela processou o pai porque sentiu um “misto de indignação, tristeza e decepção” com a reação dele à um post que ela fez em suas redes sociais criticando Bolsonaro em setembro do ano passado.

No post, ela opinou sobre a manifestação feita no dia 07 de setembro de 2021 por bolsonaristas em todo o país. “Sou completamente contra esse desgoverno e esse ser humano horroroso, corrupto, mal caráter, fascista, nazista, imbecil, incapaz e medíocre”, escreveu Brunna.

O pai da tatuadora, seguidor fanático de Bolsonaro, e que era sócio da empresa em que ela trabalhava, ficou furioso e a demitiu sem justa causa. A demissão coroou o rompimento entre pai e filha por causa das posições políticas antagônicas de ambos.

Segundo Brunna Venâncio, antes o pai já havia agredido-a verbalmente por ter feito críticas à Bolsonaro quando a ONU anunciou que o Brasil tinha voltado ao Mapa da Fome por conta do desmonte das políticas sociais implantadas ao longo dos governo Lula e Dilma, do PT.

“Ele me chamou de esquerdopata e petralha. Desde então eu não tocava mais no assunto — afirmou a tatuadora. — Eu sempre tive que me silenciar, ele sabia das minhas opiniões políticas e eu sabia as dele, mas a gente não entrava nesse assunto”, revelou.

“A nossa relação antes do processo já era estritamente profissional. Não tínhamos mais um diálogo normal, e por não concordar com os posicionamentos políticos dele [pai] eu acabava sofrendo muita violência verbal e a partir disso tive que cortar os vínculos com ele”, contou Brunna.

A tatuadora argumenta ainda que a decisão de processar o pai não foi fácil e só foi tomada porque ele agiu de forma opressora, chantageando-a por ela ser empregada em empresa em que era sócio. “Entrei na Justiça com um misto de indignação, tristeza e decepção. Eu não queria chegar a esse extremo. Não é fácil processar o próprio pai”, explicou.

“Eu abri o processo, pois era muito injusto eu ser demitida e não ter nenhum acerto por conta da minha opinião política. Me senti péssima com a demissão, mas precisava ir atrás dos meus direitos. Ser censurada em 2021 é um completo absurdo”, explica.

“Eu acho que [a indenização] repara o dano. Ele me mandou áudios absurdos, me humilhando, falando coisas pesadas. Eu não poderia aceitar. Ele queria me chantagear com o emprego que eu tinha: ‘Ou você apaga agora, ou você sabe que posso te punir”, explicou.

Em um dos áudios que integra o processo, o pai de Brunna a ameaça abertamente de demissão.  “Tô falando agora com a plena consciência do que estou fazendo, tá bom? Não estou com raiva, eu estou irado, tá. Irado com suas posições, com as suas manifestações, já que as redes sociais são suas, você faça o que quiser, pois continue fazendo, só que agora quem manda na empresa, quem é o dono desse negócio sou eu, tá certo? E não vou te aceitar mais, acabou”, declarou o pai

A tatuadora atuava como supervisora de cadastro e vendas na empresa Grupo Popular, que tem seu pai como um dos sócios. Ela foi dispensada sem justa causa. No processo, a empresa negou que a demissão da mulher estivesse relacionada com suas opiniões políticas.

A juíza Camila Afonso de Novoa Cavalcanti, do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, entendeu que a conduta da empresa viola a legislação por promover discriminação por opinião política. A empresa ainda pode recorrer da decisão.

Na sentença, a magistrada mencionou que os áudios enviados pelo pai de Brunna, deixam claro que ele usou do poder patronal para tentar suprimir a liberdade de expressão e de opinião política da ex-funcionária.  A juíza destacou ainda em sua sentença que o caso é um exemplo de como as opiniões políticas da mulher incomodam alguns homens e provocam violências em variadas formas.

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