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9 de maio de 2024 8:57 am

Bolsonaro, o advogado do ódio

A fala do advogado Sebastião Coelho foi a repetição da cantilena golpista, do discurso de ódio destilado pelo clã Bolsonaro nos últimos anos

Florestan Fernandes

Advogar vem do latim “ad vocare”, que significa “chamado para falar”. Ou seja, o ato de representar alguém está na própria gênese da palavra. Por estar se colocando em lugar de alguém, a fala do advogado, no exercício da defesa, deve ser dirigida exclusivamente ao bem da defesa de quem o constitui, jamais por outra razão. Quando o advogado usa a tribuna pra lacração pessoal, subverte seu ministério. O advogado do golpista, Aécio Lúcio Costa Pereira, Sebastião Coelho, quando ocupou a tribuna, estava ali representando, falando em nome de seu constituinte. Mas o que ele fez? Usou o seu tempo de fala na tribuna do STF, não para exercer a defesa de seu cliente, mas para atacar, expor e tentar constranger os Ministros do Supremo. “Eu quero dizer, com muita tristeza, que nessas bancadas aqui, nesses dois lados, estão as pessoas mais odiadas desse país…Vossas excelências têm que ter a consciências que vossas excelências são pessoas odiadas desse país. Essa é uma realidade que alguém tem que dizer e vossas excelências têm que saber disso.”, vaticinou o advogado, em sua fala/discurso dirigida não aos julgadores, mas à turba golpista que anda meio desmotivada.

A fala do advogado foi a repetição da cantilena golpista, do discurso de ódio destilado pelo clã Bolsonaro nos últimos anos. Um ódio dirigido principalmente ao Supremo, que dia sim e dia também foi atacado por Bolsonaro e seu entorno. Tantos ataques contra o Tribunal que teria papel fundamental para barrar a escalada golpista no país.

Sob Bolsonaro, o histórico do discurso fascista contra o Supremo é extenso.

A começar pelo filho zero 3, quando afirmou que para fechar o Supremo bastavam um soldado e um cabo. Ou ainda, Abraham Weintraub, que em tom de ameaça, falou numa reunião ministerial: “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF.”

Bolsonaro foi além e, num comício na avenida Paulista, afirmou que não cumpriria mais decisões do ministro Alexandre de Moraes. A promessa, como vimos, não durou um dia, pois o “valentão macho-alfa”, apavorado, correu e se escondeu debaixo das pernas (e das epístolas) de Temer.

Eis a origem e a incitação do ódio ao STF, à corte que foi um empecilho real ao projeto golpistas de Bolsonaro e seus generais.

Em tempos meio remosos para o ex-presidente, o advogado Sebastião Coelho usou o Plenário reconstruído após a depredação dos golpistas em 8 de janeiro, para ser um porta voz da estratégia de Bolsonaro de criar a narrativa de que é um perseguido político. E pela segunda vez, Aécio Lúcio Costa Pereira prestimou seu “Mito”, como peão de uma rede golpista que é, como réu de aluguel. Agora terá pela frente 17 anos de cana para refletir se valeu a pena ser militante do grupo “Patriota”.

 

*Florestan Fernandes é jornalista e editor do Brasil 247

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